terça-feira, 3 de março de 2009

Stanley Kubrick's A Clockwork Orange

Um dos mais polêmicos filmes de Stanley Kubrick é agora discutido aqui, filme este que confirmou a sua reputação, após o grande sucesso de 2001: A Space Odyssey, e que seria um dos primeiros a romper barreiras censurais da época, devido a fortes cenas de violência e nudez: A Clockwork Orange (Laranja Mecânica, 1971). Inspirado no romance homônimo de Anthony Burguess, que publicou o livro em 1962, A Clockwork Orange se passa em uma determinada época do futuro (1995 no livro, se não me engano), e mostra uma Inglaterra corrompida, num futuro devastado pelo excesso de criminalidade e a total alienação moral, exemplificada na pele de diversos jovens, como o personagem Alexander DeLarge (Malcolm McDowell), que lidera uma gangue de jovens que brutalmente espanca mendigos, cria arruaças e invade casas. Numa dessas invasões, eles chegam a casa do escritor Frank Alexander (Patrick Magee) e, ao som Singing in the Rain (do compositor Arthur Freed, e eternizada na voz de Gene Kelly), espancam o escritor e brutalmente estupram sua mulher, em sua frente. Alex mora com seus pais em uma típica casa de subúrbio, mente para eles com o intuito de matar aulas, adora a música do compositor clássico Ludwig Van Beethoven, obra essa que ele considera suprema e perfeita, dentre outras coisas. A sua gangue é formada pelos "drugues" Dim (Warren Clarke), um tipo bobalhão, do qual Alex maltrata e humilha publicamente diversas vezes, George (James Marcus), aquele que não aprova o abuso de poder e as humilhações de Alex, e Pete (Michael Tarn), aquele que "nada vê" no grupo. Certo dia, após uma violenta retaliação de Alex, que vingava de seus "drugues" por estes terem dado um basta em seus abusos (A Famosa Cena do Cais), estes lhe preparam uma armadilha na qual ele se vê preso e condenado a 14 anos, visto que pouco antes de sua prisão, em um ataque a uma casa, acaba acidentalmente assassinando uma mulher. Após 2 anos preso e ansioso por estar livre mais uma vez, se oferece como voluntário durante visita do Ministro do Interior, e acaba por ser cobaia em uma nova técnica experimental conhecida como Técnica Ludovico. O que parecia a primeira vista a simples saída da prisão e a volta de sua liberdade se tornou um pesadelo:O tratamento que prometia curá-lo na verdade lhe extraiu o seu instintos como o de violência e desejo sexual, necessários para a sobrevivência. Alex agora tem que encontrar uma forma de viver sob essas condições, o que o filme mostrará que não será fácil. Em outros aspectos, tanto o livro como o filme mostram uma visão totalmente pessimista da sociedade, que caminha para uma destruição total de tudo que se pode ter de valor moral. O próprio Anthony Burguess viveu um pesadelo: fora soldado na Segunda Guerra Mundial, e reconheceu de perto as piores atrocidades que o ser humano pode vir a fazer. Considerando a literatura inglesa da época, que também contava com escritores como George Owen, o autor de Laranja Mecânica teve não só na vida real experiências que o fizeram pensar em história tão controversa, mas também se inspirou em um modo de escrever da época. Ele até imaginou uma grande mixagem de culturas, pois o própio dialeto de Laranja Mecânica é uma mistura de Inglês, Russo, e Cockney, um tipo de inglês vulgar, que é apenas falado, sendo gramaticalmente incorreto. Quanto à adaptação do livro para a tela, Kubrick, modificou algumas coisas, acrescentou outras, criando quase que uma obra à parte, porém visivelmente inspirada na obra "original".Essa sua adaptação diferenciada enfureceu e muito Burguess, que desprezou totalmente a versão de Kubrick e a condenou veementemente. O ódio por Kubrick foi tanto que, ao criar uma versão de Laranja Mecânica para o teatro, um dos personagens que é espancado pela gangue de Alex possui características físicas semelhantes as de Stanley Kubrick. O filme, por fim, foi considerado um clássico absoluto, apesar de toda as críticas devido as fortes cenas que possuía. Detalhes como o tema inicial, um rearranjamento de uma marcha fúnebre do século XVII, servem até hoje como sinônimos desta obra que influencia cineastas do mundo inteiro. Escolho para apresentar o filme duas de suas cenas mais importantes, belas e inovadoras: a cena em que Alex termina a sua noite ao som da nona sinfonia de Beethoven, e a inesquecível cena do cais, onde Alex ataca os seus "drugues" e afirma a sua autoridade. Mais uma vez obrigado a todos vocês pela visita, e não deixem de comentar. Procurem assitir ao filme, indispensável!



Cena 1: Beethoven

Cena 2: Os Pingos nos Is

4 comentários:

  1. Excelente post, Flávio. Já vi o filme, e como vc sou admiradora desse clássico do Kubrick. Obrigada por me contar detalhes que eu não sabia, como o fato de Burguess não ter gostado da adaptação. Nunca li o livro, tenho ele aqui no pc, mas depois desse post me interessei - e muito - em ler! Até mais!

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  2. Flávio! Post maravilhoso. Ótima resenha!! Como eu te disse eu tenho esse filme/livro em mente pra ver/ler ha tempos, mas acaba que eu sempre esqueço, rs. Depois desse post eu realmente me interessei e vou ver se consigo vê-lo. Parabéns pela tua ótima resenha. Até mais e continue com teu blog. Beijos, Luana!!!

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  3. Sua resenha me convenceu: quando eu quiser ver um filme tenso, complexo, clássico e excelente eu vejo Laranja Mecânica.
    Tô impressionada com sua admiração pelo audiovisual,e a forma pela qual você transmite isso é incrível!
    Beijos, marketeiro haha
    ;*

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  4. Acho que a grande questão da obra é a "manipulação" da personalidade do Alex. Chega a ser cruel aquilo, mesmo se tratando de um ser violento como ele.

    Particularmente prefiro o livro. Apesar que o filme também é fabuloso.

    Abraços
    .

    http://solucomental.blogspot.com

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