É curioso pensar que os principais artistas do gênero passaram a usar essa imagem negativa como um dos principais meios de se garantir popularidade e autenticidade no meio musical que chega a se pensar como e quando começou essa relação. Para ser mais correto, é necessário ver que desde os primórdios do Rock N' Roll, a imagem de rebeldia vem acoplada aos principais artistas, cujas atitudes consideradas absurdas (cada época com uma hipocrisia a parte) muitas vezes superam à sua música propriamente dita. A cada geração/década que passa, mais rebeldia e insatisfação surge com os novos artistas, dando a alcunha permanente no rock de um gênero não apenas musical, mas também um estilo de vida/manisfestação.
Com o Heavy Metal, não seria diferente. Um dos principais ícones dessa imagem "pejorativa" é Ozzy Osbourne, ex-líder do Black Sabbath. Já na sua antiga banda, considerada umas das pioneiras do metal, existia o uso do visual sombrio e de letras que analisam temas como bruxaria, guerras, vida após a morte, etc. Essa foi, sem dúvida, a principal fonte de inspiração para as bandas do anos 80. Essas possuíam maior virtuosismo em seu som, o uso de guitarras em dueto (dobradas, num termo mais Metal), além de um visual mais formal e direto, em detrimento aos outros estilos. A cada albúm lançado, é possível verificar o maior nível técnico dos integrantes e uma melhor elaboração nas composições (nas letras igualmente). Mas é na arte gráfica dos albúns onde se encontram um dos principais diferenciais. Imagens distorcidas, figuras assombrosas, além de títulos "objetivos", fazem o merchandising do estilo se tornar bem divergente e autêntico em relação aos demais. Dentre várias capas clássicas estão a dos albúns The Number of the Beast, do Iron Maiden, Diary of a Madman, de Ozzy Osbourne, e Hell Awaits, do Slayer. Em cada uma delas são claros os símbolos que povoam o Heavy: Satanismo, bruxaria e decadência da alma humana (considerando as capas respectivamente). Com uma imagem dessas, pouco seria esperar retaliações de grupos que se sentiram ofendidos com esse conteúdo, que o digam os religiosos. Trabalhos do Maiden e Ozzy já foram vitimas de campanhas para a "purificação" dos jovens contra esses produtos "maléficos". Vale a pena lembrar que o país em questão é os Estados Unidos, e quem organizava tais campanhas eram, em grande maioria, líderes protestantes.
Hoje em dia, esse tipo de imagem ainda é muito veiculado, porém se há mais aceitação, digo, espaço para veiculação. Por parte da televisão e da imprensa escrita não tanto, mas principalmente da Internet. Com esse novo recurso, ficou muito mais fácil a interação de banda com fãs, além de se mostrar um outro lado dos grupos, com enfase também no trabalho musical, muitas vezes deixado de lado pela grande mídia. É fácil falar disso quando se é brasileiro e acompanha, de vez em quando, as pífias matérias que rolam a respeito do gênero. Hoje, grandes bandas como o Maiden, e até o AC/DC, possuem grandes coberturas, sem deixar de lado as falhas. As demais bandas, infelizmente, somente se servem de internet para sua promoção. Até o Maiden, por exemplo. Se olharem no youtube entrevistas da primeira visita da banda ao país, em 1985, verão que a sua imagem é em muito denegrida pela imprensa, mas, com o tempo, foi impossível negar a sua influência e força comercial (em termos de um gênero não louvado), o que se torna a necessária exposição.
A Rede Globo é mestre nisso.
THe Number of the Beast
Diary of Madman
Hell Awaits